As aventuras de Joana III
III Capítulo
Mudanças
Mudanças
Chegou o Sábado e Joana acordou às 7 da manhã pronta para arrumar a casa toda sózinha se fosse necessário.
A Mãe fora perentória! Não deviam das trabalho extra às criadas. Se não íam gozar da festa não deviam ser “castigadas” com trabalho a mais do que o normal. Ajudariam no que fosse preciso mas o trabalho pesado era com os três irmãos. Antes e depois da festa porque era preciso deixar tudo arrumado e limpo para o dia seguinte.
7 horas da manhã era muito cedo, não podia fazer barulho porque os Pais só acordavam às 8.
Sentou-se na cama e pôs-se a recordar como conhecera Leonor e como se tornaram amigas desde esse dia.
Tinham saído de Sintra onde viviam numa casa linda que perteceram ao bisavô, rodeada de árvores, flores, laguinhos com peixes e salamandras com que Joana adorava brincar. A Avó morrera e a casa de Lisboa ficara vazia. O Pai decidira ir viver para lá já que Sintra ficava muito afastada de tudo e Jorge tinha dificuldade em ir para a Faculdade todos os dias. Joana tinha 10 anos quando se mudaram para Lisboa e odiara aquela mudança. Sentira faltas das suas árvores às quais trepava como um macaquinho, dos passeios a pé pela Serra de Sintra, as ídas ao Palacio da Pena e ao Castelos dos Mouros e as brincadeiras com o seu amigo Chico, o filho da mulher a dias que a levara a descobrir recantos de Sintra que mais ninguem conhecia.
Ficara danada com a casa de Lisboa. Situada no coração da cidade não tinha jardim e a Mãe não a deixava sair para a rua porque era perigoso. Só aos fins de semana, o mano Jorge pegava nela e íam a pé até ao Castelo de S. Jorge e, aí, Joana brincava , corria atrás dos pavões, trepava as arvores e dava de comer ao patinhos.
A Mãe, sabendo da sua necessidade de ar livre resolveu inscrevê-la nas Guias – a versão feminina dos Escuteiros – as reuniões eram perto de casa, na quinta de uns amigos dos Pais situada no centro da cidade. E teria amigas da sua idade para brincar.
Joana fora contrariada à primeira reunião. A Mãe chamara-lhe bicho do mato mas obrigara-a a ir, sabia que, vencida a primeira timidez ela ía gostar.
Chegou ao local da reunião e mandaram-na ir para uma grande estufa cheia de mesas enormes e com bancos corridos. Joana sentou-se e esperou. À sua volta sentaram-se, igualmente, meninas da sua idade até que chegou uma mais velha que ocupou o topo da mesa.
- Olá, eu sou a Betty e sou a vossa chefe de patrulha. Vamos escolher o nome da nossa patrulha e o simbolo. Aqui vão aprender tudo o que uma Guia tem que ser. Ser Guia é sê--lo por dentro, no coração, a todas as horas e para toda a vida.....
E continuou a explicar o que tinham que aprender. No fim deu um Manual das Guias a cada uma das crianças.
- Então meninas, qual é o lema das Guias?
- Sempre Alerta! – disseram 10 boquinhas infantis com toda a convicção.
No intervalo foram todas lá para fora correr e saltar como cabritinhas à solta e nisto, Joana reparou que a menina que estivera ao seu lado na reunião, se mantinha afastada de todas as outras. Foi ter com ela.
- Olá eu sou a Joana. Queres vir brincar?
- Eu chamo-mo Leonor e preferia brincar com as minhas bonecas. Não gosto de correr porque estou sempre a cair e a maguar-me.
- Ah! Mas não precisas de andar a correr. Olha vamos para aquele cantinho e vamos conversar. Vais contar-me como são as tuas bonecas, está bem?
E assim começou uma amizade que havia de se manter pela vida fora.
Quando a reunião chegou ao fim os Pais estavam à sua espera para a levar para casa e Joana, radiante contou toda a reunião, o que tinha aprendido e como tinha feito uma nova amiga, a Leonor.
- Estás a ver – disse a Mãe sorrindo – eu sabia que ías gostar. Se não te tivesse obrigado a vir terias perdido isto tudo.
- Pois é Mãe, tem razão. Obrigado por me ter posto nas Guias. É muito divertido.
Nisto Joana olhou para o relogio. 8 e 15! Já estava atrasada para o pequeno almoço. Era o que davam as recordações. Levantou-se num pulo, vestiu o roupão e correu pelas escadas abaixo.
(continua)