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quinta-feira, novembro 03, 2005

Alentejo

Alentejo
Hoje, estava a pintar na minha casinha/oficina que tenho no jardim e a ouvir um dos meus cd's preferidos, "Quarto Crescente" de um grupo português chamado a Quadrilha. Esse grupo fantastico tem como principal autor de poemas e musicas um não menos fantastico poeta e músico português que se chama Sebastião Antunes. Devo acrescentar tb a voz linda que tem e a maneira sensivel como canta.
E não resisti a publicar aqui o poema de uma das canções do disco. Que me perdoe o Sebastião Antunes por não lhe pedir licença mas não o conheço pessoalmente (tenho pena) e nem sei como lha pedir. É a minha preferida e dedico-a a todos os Alentejanos em geral e a dois em particular: Ao Manel do Montado e ao Texugo (Badger) que tantas palávras tão queridas e elogiosas deixam no meu modesto blog.
Toada do Alentejo


Ainda trago um gosto a trigo atrás de mim
Que se me agarrou à alma ao nascer
Sou como um carreiro longe de ter fim
Como quem ceifou cearas sem saber
Sou lá donde ninguem fala as marés
De onde o horizonte queima o olhar
Por paixão ainda trago arder nos pés
O calor de uma seara por cortar
Já cantei desde a nascente até à hora do Sol pôr
Já naufraguei nas ribeiras ao luar

Ai Alentejo quem te amou não se esqueceu
E ainda se ouvem os teus ecos
Nas cantilenas do Sol

O Sol deu-me histórias velhas p’ra contar
Que eu guardei de manhãzinha ao pé do rio
Em Janeiro roubei mantas ao luar
E a um pastor roubei um tarro e um assobio
Já corri atrás dos corvos já me perdi nos trigais
Ouvi rolas nos sobreiros a cantar

Ai Alentejo quem te amou não se esqueceu
E ainda se ouvem os teus ecos
Cada vez que a lua cai

14 Comments:

Blogger Roberto Iza Valdés said...

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

8:42 da manhã  
Blogger Manel do Montado said...

Ó Zica......ai, ai!
Já partiste a loiça toda, pronto. É este o meu calcanhar de aquiles, o meu alentejo e as suas gentes que amo e pelos quais daria a vida nun acto de amor.
Sinto-me alegre e triste ao mesmo tempo, que paisagem linda, escrevo ao desalinho e ao impulso do coração, não quero saber de regras gramaticais. Que paisagem, já se me mareiam os olhos de lágrimas de saudade, dessa saudade louca, possessiva, genuína. Como amo aquela terra.
E o poema, ai, ai!
Recordei o cheiro de uma seara por cortar,o zumbido dos insectos e os rasgos de aroma de lírio, de vez em quando.
Que bela maneira de começar o fim de seman, estaria o dia todo a escrever aqui,mas isso seria ser egoista e deves partilhar sempre estas coisas com o mundo.
És como a rosa que ao princípio é só espinhos, fechada em si a defender-se do mundo e quando, a pouco e pouco, vai desabrochando, vai revelando a beleza que há em si.
Beijões e obrigado pelo meu Alentejo.

11:22 da manhã  
Blogger Manel do Montado said...

"O Sol deu-me histórias velhas p’ra contar
Que eu guardei de manhãzinha ao pé do rio
Em Janeiro roubei mantas ao luar
E a um pastor roubei um tarro e um assobio
Já corri atrás dos corvos já me perdi nos trigais
Ouvi rolas nos sobreiros a cantar"

Assim era eu em menino.
Respeitosa e veirtualmente beijo-te as mãos que escreveram e colocaram este post.
Estou cheio de emoções, mas faltam-me as palavras.

11:25 da manhã  
Blogger José Gomes da Silva said...

Pronto, agora fiquei todo roidinho de inveja do Manel!
Minto, claro está. O Manel merece a dedicatória, o Manel merece este mundo e o outro, porque também é raro como tu.

Lindo o poema, não conhecia nem a Quadrilha nem o sebastião Antunes(santa ignorância a minha, não é?)

Bjs

12:34 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

muito bonito o poema gostocmuito dos "Quadrilha"

6:31 da tarde  
Blogger Menina Marota said...

"...Ai Alentejo quem te amou não se esqueceu
E ainda se ouvem os teus ecos
Nas cantilenas do Sol..."

Amo o Alentejo, como amo o Sol e a Natureza. Muita da minha infância foi passada aí numa quinta de família...próximo de Castro Verde e, recordo com infinita saudade as tardes cavalgando debaixo de um sol escaldante e, depois os mergulhos no tanque da água, que irritava de que maneira o Sr. Joaquim da Tina (acho que era assim que se chamava...)

Que bom recordar "velhos" tempos, mas tão presentes na minha memória.

Grata por esta partilha, até me apetece cantar, apesar de não conhecer a canção...

Abraço meu ;)

6:57 da tarde  
Blogger António said...

Fiquei curioso de ouvir a música e o disco.
Quando sonorizas este teu blog?
Ou não tencionas fazê-lo?

Beijinhos

12:13 da manhã  
Blogger Luis Vidal said...

O Alentejo é uma coisa bem séria.
Bom fds.

12:21 da tarde  
Blogger António said...

Obrigado pela visita.
E pelas explicações sobre o disco e outras coisas mais.

Beijinhos

3:00 da tarde  
Blogger Manel do Montado said...

A ti Zica,
Com todo o carinho, admiração e respeito,

"Dei um ai entre dois montes
responderam-me as montanhas,
ai, ai que eu já não posso,
sentir ausências tamanhas.

Ai, ai, ai ai, ai
Ai, ai meus senhores,
A minha terra é linda
mais linda é ainda,
porque vendem lá flores.

Vendem-se lá rosas,
Cravos em botão,
Os lírios são lírios,
dos tristes martírios
que as saudades dão.

Cantares de Portel

5:38 da tarde  
Blogger Micas said...

Bonita esta tua homenagem.
Não sou alentejana, sou minhota, mas adoro o alentejo e as suas gentes de coração aberto.
Um grande Bem Haja a todos os Alentejanos :)

8:28 da manhã  
Blogger Unknown said...

Hoje passei somente para desejar-lhe uma Boa Noite!
Até amanhã!
Beijocas Brasileiras

11:08 da tarde  
Blogger Unknown said...

Agora fiquei com vontade!
Quero ir conhecer o Alentejo (que me faz lembra as Minas Gerais), e vai ter que ser Manel, o guia.
Um dia chego lá.

E sobre Sandy, quero vê-la em foto e poesia.
Beijoks

12:14 da manhã  
Blogger Conceição Paulino said...

minha querida como alentejana de gema, alma, corpo, vísceras e tudo o k me compõe, tomei-a tmb para mim. Obrigada. Linda e a imagem.Bom f.s Bjocas de luz e paz

10:39 da tarde  

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